quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Coltrane

Coltrane: som-espaço
Para Ramon Negócio

Coltrane,
esse farejador de fúrias.
Essa síncope-devoção
à procura de Deus. 
E dos deuses sem Ele.

Toda a
Africamérica
germinando em
agudíssimos. 

Jazz de uma 
nota só:
implodir catedrais
e recriar o sagrado.

Ritmo: consciência exata
da solidão e do esquecimento.
Uma nossa fugaz grandeza.
Fronteira-compasso.
Permanente dúvida
entre ato e momento.

Santo mambembe.
E malandro:
serve-nos seu tenor
para sugerir música. 
Enquanto sorve a vida
inteira, campânula adentro, 
até faltar-lhe o ar.
Som-espaço. 


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