terça-feira, 25 de agosto de 2015

Caráter

The walking man, de Rodin: um meio em si mesmo

No início, era ainda pele,
arrepios.
Algum torpor.
Mas depois vieram as formigas
por sobre os sapatos.
E, sobre os restos
da ceia na lapela,
outros insetos.
À esquina,
pequenos roedores
atavam-lhe aos joelhos.
Logo, logo

delicados vermes.
E asas e antenas,
do calcanhar à nuca.
Mais tarde, nem
ao menos
algum reflexo
no espelho.
Nem vestígio
de sonho...
fugidio.
Nada. Tudo
lama.
Nem olhar.
Agora e sempre:
paralisia.
Nada mais lhe escapava
à vida vazia.
Era, enfim, e desde antes,
mansidão.
Caráter e risos prontos.
Fim.
Meio em si mesmo,
esperando a morte
chegar.
Um homem feito
homem de bem...

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