quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Memória


Liberto do tacão do dogma,
da guerra e do dízimo,
Deus pode revelar sua
verdadeira face:
a liberdade em todo seu
esplendor e glória.

Deixa então de nos assombrar,
de carecer de sentido.
Embriaga-se, sai à rua.
Vira amigo de mesa de bar,
anjo caído.
Dispensa a fé e seu rapapé.


Espelha nosso saber,
espalha nossa santidade;
arruma nosso cabelo
e a cama da tarde.

Nem verdade nem mentira.
Nem bem nem mal.
Que isso, ele mesmo sabe,
são categorias demasiado humanas.

Deus é o quando do lugar;
o espaço do tempo.
É coragem.
E é nosso seu reino -
a certeza da dúvida,
lide por demais notória.

Nem vingança nem medo.
Nem derrota nem vitória.
Equação de infinitas variáveis,
Deus está no amor, prova dos nove.

É, e depois,
o que se leva dessa vida:

permanente memória.

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