Reich: da inibição sexual ao medo de liberdade |
Há um livrinho, chamado Psicologia de massas do fascismo, de Wilhelm Reich, que pode ser muito esclarecedor para esses dias, em que tantos - e não apenas "azelites" mas também setores expressivos da classe média que tanto se beneficiou das políticas de inclusão social dos últimos 12 anos -, foram às ruas defender sem maiores constrangimentos morais e intelectuais o golpismo, a "intervenção militar", a violência de gênero, entre outras bandeiras tão "democráticas" e "edificantes" - que, ao cabo, só se propõem mesmo a interditar a política, o desejo e a vida.
Um rápido parêntese: vale lembrar que o trabalho de Reich foi publicado nos anos 30, ainda no início da fermentação daquele caldo de intolerância e boçalidade que conduziria a Alemanha vocês sabem a quê.
Diz Reich que a sexualidade, ou melhor, a sua energia — a libido — é o motor principal da vida psíquica. E que sua interdição ou seu condicionamento à ordem autoritária (tanto no plano econômico quanto no plano moral) produzem recalques sexuais que acabam por distorcer o sentido de mundo e de classe. "O resultado é o conservadorismo, o medo de liberdade; em resumo, a mentalidade reacionária. (...) A inibição sexual altera de tal modo a estrutura do homem economicamente oprimido, que ele passa a agir, sentir e pensar contra os seus próprios interesses materiais", explica.
Então, da próxima vez que você encontrar um troglodita segurando uma faixa pedindo a volta da ditadura, lembre-se da dica de Reich: o buraco é mais embaixo...
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